08/08/2013

Crítica Sobre "Cosmópolis" Pelo Site Cenas de Cinema

Cosmopolis_poster

O longa Cosmópolis marca o retorno do diretor David Cronenberg aos filmes que definiram sua personalidade de cineasta, como Crash – Estranhos Prazeres, de 1996, ou Videodrome, de 1983. O longa tem o mesmo estilo e, principalmente, a mesma força que marcaram sua carreira.
Adaptado do romance homônimo de Don DeLillo, Cosmópolis narra a saga de um dia na vida de Eric Packer (Robert Pattinson). Enquanto o presidente americano faz uma visita à cidade e ataques aleatórios acontecem em todo parte, ele tenta atravessar Nova York para cortar o cabelo. Ameaças terroristas a Eric e ao presidente aumentam ainda mais a tensão do dia.
Eric, dono de um poder de raciocínio fora do comum, é um milionário de 28 anos que analisa como ninguém o mercado de ações do mundo todo. No entanto, uma aposta de valores astronômicos contra a moeda chinesa pode colocar tudo a perder. Em meio ao caos de possibilidades e ameaças, Eric parece manter tudo sob controle, ao menos é o que tenta demonstrar dentro de sua limusine, onde passa a maior parte do tempo. Ali tudo está ao seu alcance, sejam visitas ou exames médicos, reuniões de negócios ou sexo furtivo com uma amante. Mais do que blindado, o carro é completamente vedado. Mesmo no caos das ruas, a limusine faz com que Eric esteja numa espécie de realidade paralela.
Com pequenos movimentos ou ordens, apoiado por funcionários que vão até ele e uma poderosa equipe de seguranças ao seu redor, o jovem executivo consegue controlar tudo. Por outro lado, ao mesmo tempo em que detém o controle das coisas ao sua volta, Eric é controlado por uma compulsão por conquistas. Sem maiores motivações, quer conquistar empresas, mercados ou mulheres. Entre estas, a própria esposa, com quem tem um estranho relacionamento, frio e distante, como se fossem dois desconhecidos. Mesmo com tudo isso, a expressão de Eric é sempre a mesma: vazia, quase robótica.
Mesmo com terroristas, seguranças e alta tecnologia em seu enredo, o livro de DeLilo está longe de uma trama do tipo Duro de Matar. Como não poderia deixar de ser, Cronenberg enfrenta com coragem o desafio de transpor para as telonas uma história densa e com quase nenhuma cena de ação. Por outro lado, a falta de ação é substituída por diálogos que mais parecem uma troca de tiros, tamanha sua intensidade e dureza.
O elenco com nomes importantes em pequenas passagens, como Juliette Binoche e Paul Giamatti, demonstra uma das idéias do diretor ao imaginar o filme: Cronenberg disse, em entrevista, que ao ler os diálogos imaginava bons atores interpretando-os. Para o papel principal o escolhido foi Robert Pattinson. Se até então ele ainda não tinha conseguido desvincular-se de seu trabalho na saga Crepúsculo, aqui demonstra estar pronto para outros papéis.
Cronenberg encontrou no romance de DeLillo amplo terreno e combustível para trabalhar temas frequentes em sua filmografia. No entanto, o que parece uma formula pronta para o sucesso derrapou numa visão exageradamente pessoal do diretor. Se, como adaptação, o trabalho é bem realizado; como cinema, filme, entretenimento, o longa é chato em certos momentos. Seja pelo excessivo blá-blá-blá intelectual ou pela demora na solução de certas cenas. Entre altos e baixos, Cosmópolis é uma experiência interessante, mas pouco empolgante.
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