15/08/2014

Sort-fic: Distance - Capítulo 6


Capítulo 6 - Excuse Me


Mão forte, pele grossa e um coração aberto. Você viu através da dor, viu através da máscara. Você nunca desistiu de mim.


Por Bella Swan.

Há aqueles que dizem que o amor é o sentimento mais puro e belo do mundo. Há quem diga que o amor é o maior sinônimo da felicidade. Para mim o amor é sinônimo da dor.

Edward e eu durante o que pareceu ser um longo tempo fomos felizes, mas no primeiro obstáculo eu entreguei os pontos e deixei-me abater pela dor, pela culpa e por uma tristeza fora do comum. Cometi erros dos quais me arrependo profundamente e agora aqui estamos nós dois.

Sozinhos, frente a frente um com o outro.

Ele, dizendo que nunca deixou de me amar. E eu mais uma vez com medo de assumir os meus erros.

Enquanto nossos lábios se uniam naquele tão puro e singelo beijo, eu me permitia ser amada pelo homem ao qual eu fiz sofrer. Mas uma voz no fundo de minha mente me guiava por outro caminho, dizendo-me que eu tinha de parar com aquilo antes que a situação fugisse do controle.

Quando nós nos afastamos um pouco um do outro, ofegantes por causa do beijo, eu fitei o chão e dei um passo para trás me afastando um pouco dele.

– Você quer saber qual é o segredo que eu escondo Edward? – indaguei com a voz rouca por causa das lágrimas.

– Não se isso a fizer infeliz – respondeu.

– Esconder de você me fez infeliz – falei. – Não importa mais.

– Não gosto de te ver chorando, não gosto de te ver infeliz Bella – murmurou levantando o meu rosto me fazendo olhar para ele.

– Não importa mais – repeti.

– Se não importa mais então esqueça – pediu. – Recomeço uma vida ao meu lado, ao lado de nossos filhos. Vamos recomeçar a nossa família.

Uma lágrima escorreu por minha face.

– Você vai querer recomeçar a vida ao lado de alguém que tirou uma vida, Edward? – indaguei.

Não havia palavras pra descrever a maneira como sua expressão se transformou. Se antes suas feições eram de puro amor, agora era de puro choque.

– O... o que?

– É isso mesmo que você esta ouvindo Edward – disse a ele e andei até o sofá, encostando-me no braço. – Eu abortei um filho seu.

Ele deu um sorriso descrente.

– Para com isso – falou. – Pare de mentir Isabella.

– Não estou mentindo – disse olhando nos olhos dele.

– Impossível... – disse descrente, seus olhos eram frios e vagos. Quando ele voltou a olhar pra mim vi uma faísca daquilo que eu realmente esperava que ele sentisse de mim.

– Agora você sabe – falei. – Eu não queria abortar, foi por um descuido meu... Um descuido que custou a vida de um bebê e quase a minha se você não tivesse me levado pro hospital.

Vi em seus olhos que aos poucos ele estava ligando os fatos. Uma coisa, unindo-se a outra...

– Aquela noite em que eu cheguei do trabalho e encontrei você estirada no chão... tinha uma escada ao lado... vidros quebrados e sangue escorrendo por suas pernas...

– Foi nessa noite – confirmei. – Quando você saiu, eu disse que tinha uma surpresa para você quando voltasse. Eu ia fazer um jantar à luz de velas para nós, iria contar que eu estava grávida... Mas cismei com as lâmpadas queimadas e resolvi trocá-las. Tive uma tontura forte e cai. Quando acordei no hospital pedi pro médico não te contar... Somente Rosalie sabia que eu estava grávida, então somente ela sabia que eu perdi o bebê.

Seu maxilar trincou. Observei lentamente sua reação enquanto ele absorvia minhas palavras e suas próprias deduções.

Edward jogou a cabeça para trás, respirando fundo.

Quando ele voltou o olhar para mim eu vi o reflexo das conseqüências de minhas erradas escolhas em seu olhar.

Dor e raiva. Somente isso.

– Só me diz o porquê – pediu.

– Porque eu não queria te magoar – sussurrei. – Mas no final das contas eu cometi um erro pior, um erro do qual durante muito tempo eu não conseguia sair... Eu achava que quando eu contasse a você que havia perdido o bebê, você ficaria com raiva de mim...

– E eu estou com raiva... Você não faz idéia do quanto – ele deu um sorriso sínico e balançou a cabeça, uma expressão amargurada tomando conta de sua face.

– Ótimo, eu já esperava por isso – murmurei enxugando com as mãos as lágrimas que insistiam em escorrer por meu rosto.

– Já esperava? – perguntou com a voz exaltada vindo em minha direção. Ele levantou o meu rosto e me fez olhar pra ele. – É só isso que você tem a dizer? Que já esperava que eu fosse ficar com raiva de você quando eu soubesse a verdade?

– Eu também esperava que você ficasse com ódio – admiti. – Esperava que você nunca mais quisesse olhar na minha cara depois que soubesse a verdade.

– Mas que droga, Isabella... Pare com isso... Pare de se fazer de fria e calculista, porque eu sei que você não é – disse alto e claro. – Tire essa máscara, porquê eu vejo em seus olhos que você esta sofrendo. Está se corroendo de culpa e dor.

– Sim, eu me sinto culpada. Se eu sofro com isso? Como eu sofro... Eu errei, Edward, e tenho de aprender a conviver com os meus erros e com as conseqüências dele.

– Eu só quero entender o porquê, Bella, por quê você escondeu isso de mim? – indagou.

– Eu fiquei com medo... Eu vi ali a nossa vida perfeita ruir e não sabia como lidar – expliquei. – Eu cresci vendo meus pais viverem durante muito tempo um casamento perfeito e queria que o nosso também fosse. Qualquer vestígio de que isso fosse acabar me apavorava.

Ele assentiu pensativo.

– Mas e a confiança? – perguntou. – Nós éramos marido e mulher, compartilhávamos de uma vida juntos. Tínhamos de confiar um no outro. Eu sempre confiei em você e sempre achei que você fizesse o mesmo até ontem...

– Até ontem?

– Sim, até ontem – confirmou. – Foi somente ontem que a minha “ficha” caiu e eu percebi que você poderia esconder algo que nos levou ao divórcio.

Respirei fundo, pigarreando para limpar a garganta.

Eu tinha de encontrar as palavras certas pra fazer o que eu deveria ter feito a muito tempo. Abrir meu coração para ele.

– Edward, eu me arrependo profundamente dos meus erros. Na época eu pensei que estivesse fazendo a escolha certa ao induzi-lo a pedir o divórcio... Eu fui manipuladora e egoísta, eu pensei somente no que eu sentia e não pensei em você e nas crianças quando decidi que era melhor nós nos separarmos. Não tinha coragem de eu mesma pedir o divórcio, mas fiz com que você o fizesse. Eu o fiz sofrer e nossos filhos foram afetados também... Não posso mudar o passado, mas hoje estou tentando consertar pelo menos uma parte dos meus erros... Sei que nada vai mudar o que eu fiz, mas eu preciso te pedir perdão, mesmo que você não o me dê...

– Bella...

– Por favor, me deixe terminar – pedi fungando minhas lágrimas. – Durante muito tempo eu tive medo de te dizer a verdade, eu sempre achei que você não iria me perdoar e continuo achando isso... Mas ainda assim eu peço que me perdoe. Eu sei que eu errei e que nada irá atenuar as conseqüências... Mas eu preciso te pedir perdão pra poder voltar a ter um pouquinho de paz na minha vida, porque sinceramente faz muito tempo que eu não tenho isso...

O silêncio pairou por alguns minutos. Eu não tinha mais o que dizer.

Tudo o que eu tinha de dizer a ele eu já havia dito. Ele fitava o chão sem nada dizer, pensando eu deduzi.

– Perdoar você... – ele começou a dizer, mas parou respirando fundo. Então Edward olhou para mim. - Dizer eu te perdoo é muito fácil, mas esquecer é a questão. No entanto... Eu te perdoo, Bella, porquê o que você escondeu de mim apesar de ter sido sério e nos separado, não é algo que imperdoável... Mas esquecer isso, eu não vou conseguir esquecer... Eu não consigo entender o porquê você escondeu isso de mim, algo que envolve a nós dois... Você guardou para si algo que a consumiu e a tornou fria, cometeu erros desnecessários. Mas errar é humano e perdoar é algo mais humano ainda... Esse um ano que se passou desde o nosso divórcio não tem sido fácil, eu tentei superar, mas não consegui, pois sempre achei que faltava uma peça no quebra cabeça. Durante muito tempo eu me perguntei no que eu havia errado e eu nunca obtive a resposta até agora.

– Não foi sua culpa, foi minha – falei.

– Não foi apenas sua culpa... Eu parei pra pensar e percebi que o alicerce do nosso casamento era apenas o amor e somente amor não basta pra se construir um casamento. É necessário companheirismo e confiança. Eu te deixei muito sozinha e me foquei demais no trabalho, você parecia não se importar, sempre compreensiva e humilde.

– Eu não me importava porque eu sabia que você precisava trabalhar. Eu cuidava da casa e dos nossos filhos, isso consumia a maior parte do meu tempo.

– Eu sei, e foi ai o nosso erro. Nós nos dedicamos somente aos nossos filhos, ao fruto do que sentíamos um pelo outro e esquecemos de nós. Mas o nosso maior erro foi lá atrás, antes de nos casarmos... Estávamos tão absortos com o que sentíamos, com a novidade que era o amor que esquecemos que uma relação para se estruturar precisa de outras coisas. A confiança é uma delas. Nós nos conhecemos, namoramos poucos meses e então eu pedi você em casamento poucos dias antes da formatura. Dois meses depois estávamos subindo ao altar e pouco tempo depois você estava grávida. Parece ser o cenário perfeito pra um filme com um final feliz, mas não pra vida real.

– Se arrepende de ter casado comigo? – perguntei.

– Jamais – disse. – Me casar com você foi a melhor escolha que eu fiz na vida, e desistir de você foi a pior. Quer mesmo saber o que me levou a pedir o divórcio?

– Quero – respondi.

– Houve uma noite em que eu cheguei em casa tarde da noite e ouvi você chorando baixinho no quarto, conversando ao telefone com Rosalie. Você estava já estava estranha e distante. Eu estava preocupado e desconfiava que você não me amasse mais. Naquela noite eu estava decidido a ter uma conversa com você e colocar tudo às claras, mas então eu ouvi você dizendo que “aquilo a estava sufocando”. A primeira coisa que eu imaginei é que você estivesse falando do nosso casamento, então eu dei meia volta e passei a noite num bar de um hotel bebendo. Foi naquela noite que eu decidi pedir o divórcio e libertá-la do nosso casamento.

Puxei em minha mente as lembranças daqueles meses turbulentos, onde Rosalie foi meu porto seguro tentando me lembrar da conversa que Edward ouvira e então me lembrei. Foi a primeira vez que Rosalie me aconselhara a contar para Edward toda a verdade.

– Nunca foi o nosso casamento... Nosso casamento foi a melhor parte da minha vida – falei. – O que me sufocava era o segredo que eu guardava de você.

– Eu sei – murmurou. – Agora eu tenho consciência disso, agora tudo faz sentido. Todas as peças do quebra cabeça se encaixaram. Menos duas.

Franzi a testa.

– Quais? – perguntei. Eu já não tinha mais nada a esconder.

– Nós dois – respondeu. – Onde nós dois ficamos com o fim de tudo isso?

– Não existe mais nós dois, Edward – disse ao mesmo tempo em que uma pontada aguda de dor atingia meu peito.

Sai da frente dele e me sentei no sofá de frente pra lareira. Edward se sentou ao meu lado e eu o encarei com lágrimas nos olhos.

– Não existe mais esperança pra nós, então? – perguntou.

– Eu te amo, Edward, mas você esta coberto de razão quando diz que uma relação precisa ter mais do que amor pra se estruturar... Confiança é algo que não existe mais entre nós dois, principalmente depois de tudo isso. Eu sei que você não confia mais em mim.

– Confiança é algo que se ganha com o tempo, o nosso erro foi esquecer ela e viver no nosso mundinho perfeito – falou. – Mas nada nos impede de ter uma segunda chance e recomeçar.

– Edward, eu já estraguei demais a nossa vida... Já fiz você sofrer demais, você pode recomeçar com alguém que seja digno do seu amor.

– Pare de se diminuir, pois um erro não vai mudar o que eu sinto por você, muito menos diminuir.

Abaixei o rosto e fechei as pálpebras deixando as lágrimas escorrerem por meu rosto.

– Você deveria estar com raiva e querer ficar longe – murmurei.

– Eu estou com raiva – falou. – Mas não de você e sim da situação em que nós nos metemos e também quero manter distância, mas não de você e sim do nosso passado negro.

– Raiva da situação? – indaguei olhando para ele.

– Sim, não tenho raiva de você, mas sim do que aconteceu. Do que você fez e da situação que nós nos metemos, e a única coisa que eu quero fazer agora é seguir em frente. Mas não posso fazer isso sem você – murmurou olhando intensamente em meus olhos. Edward acariciou o meu rosto tirando uma mecha do meu cabelo de meu rosto e colocando atrás da minha orelha. – Volta pra mim, Anjo?

Seus olhos verdes possuíam um brilho tão intenso quanto uma joia.

– É isso mesmo que você quer? – perguntei.

Ele deu um sorriso.

– É noite de Natal, tempo de esperança e recomeçar – murmurou. – E o que eu quero é apenas isso... Recomeçar, mas ao seu lado. – ele acariciou a minha bochecha. – Volta pra mim, por favor. Vamos tentar de novo, dessa vez da maneira correta.

– Sim – sussurrei com um sorriso entre lágrimas. – Eu volto pra você.

Edward deu um sorriso e então me beijou com amor e carinho.

Por Edward Cullen.

Amar é saber perdoar. É saber ser companheiro, fiel e carinhoso. Amar é uma arte onde duas pessoas não podem controlar o futuro. Escolhas são feitas as cegas e suas conseqüências podem ser boas ou não.

Isabella e eu somos seres humanos. Cometemos erros e aprendemos com eles, mas isso faz parte da vida. Pois se existe algo que é imperfeito, esse algo é o ser humano.

Nunca eu poderia ter imaginado que o que nos separava era um segredo como a perda de um filho. Não posso culpá-la por ela ter omitido isso de mim, alias quem sou eu para culpá-la por algo? Nossos erros nos fizeram cair, mas agora estamos nos levantando e tirando uma lição disso tudo.

A imperfeição existe para que nós possamos errar e aprender e hoje, eu posso dizer que aprendi com os erros que cometi e tenho certeza que Isabella também. Hoje, nesta noite de natal, a mulher que amo e eu iremos recomeçar.

Recomeçar com amor.

Uma vez estivemos Distantes um do outro, mas hoje isso se findará. Pois o amor que existe entre nós é o primeiro passo para se reestruturar uma vida.

Amor, confiança e companheirismo.

Eis o segredo de um relacionamento duradouro.

Esquecer o passado para nós não basta, leve-os em suas lembranças para que você se lembre de não cometer o mesmo erro, porém não o traga para o seu presente. O que passou, passou. O futuro é o que lhe aguarda.

Juntos Isabella e eu iremos recomeçar. Nossos filhos são o reflexo do nosso passado, da melhor parte dele pelos menos. Quando a parte negra, ela sempre permeará por nossas lembranças, mas nunca em nosso presente ou futuro.

Viver é uma aventura onde existem obstáculos, coisas boas ou ruins. Mas amar... Amar é uma arte onde duas pessoas unem suas aventuras em uma só, transformando-a na aventura mais perigosa e intensa de todas.

Viva, ame e se necessário recomece.

Pois por amor, tudo vale à pena.


“O amor nunca faz reclamações; dá sempre. O amor tolera; jamais se irrita e nunca exerce vingança”.

– Mahatma Gandhi.

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